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Segunda-feira, 17 de Abril de 2006

Quanto vale uma boa ideia?

Coluna de Luiz Marinho, publicada nesta segunda no Blue Bus.

Caro mesmo foi descobrir qual parafuso tinha que apertar

Aposto que vocês, leitores do Blue Bus, dirao que uma boa idéia vale ouro. Que nao tem preço. E é claro que eu concordo com isso. Só nao consigo entender porque, se as idéias valem tanto, tao pouca gente se dispoe a pagar por elas, afinal. Outro dia mesmo tive esta discussao com um cliente, que nao queria pagar pelo planejamento de um projeto, veja você.

A melhor metáfora para esta questao é a velha história do cara que levou seu carrao até uma oficina e pediu ao mecânico para examinar o motor, que estava fazendo um barulho esquisito. O mecânico olhou daqui, examinou dali e, depois de alguns testes, apertou um simples parafuso, deixando o motor novamente perfeito. Entusiasmado com a perícia do operário, o figurao perguntou o preço do serviço e escutou espantado a resposta – "Mil reais". Ele protestou, argumentando que o preço era excessivo para um simples aperto de parafuso. Ao que o mecânico retrucou – "Apertar o parafuso custou apenas 1 real, doutor. Caro mesmo foi descobrir qual o parafuso que precisava ser apertado... ".

A discussao sobre o valor das idéias me parece especialmente pertinente agora, quando anunciantes e agências começam a se convencer de que a publicidade de massa precisará mesmo ser complementada com novas estratégias - por exigência dos consumidores, cada vez mais arredios e exigentes, diga-se de passagem. Buzz marketing, blogs, endomarketing, marketing relacionado a causas, programas de relacionamento, relaçoes públicas e interatividade sao termos cada vez mais ouvidos nas grandes empresas e nos corredores de boas agências. A pergunta que nao quer calar é - como essas idéias serao remuneradas?

Além de pouco acostumados a pagar por estratégia, os anunciantes também nao têm o hábito de remunerar idéias criativas. As agências, desde a sua gênese, deram aos anunciantes, de graça, a estratégia e a criaçao, recebendo o pagamento dos veículos. Essa distorçao hoje cobra seu preço.

Como todo mundo sabe, nao existe almoço grátis. Ou seja, os anunciantes pagam pela estratégia, criaçao e muito mais, através das comissoes sobre produçao e veiculaçao e, principalmente, pela BV. Por isso, para manter a rentabilidade, as agências sao obrigadas a fazer incríveis malabarismos, defendendo a nova comunicaçao no discurso externo, enquanto trabalham para manter a maior parte da verba dos clientes em açoes 'above the line'. Como isso tudo vai ficar quando a comunicaçao 'below the lin' finalmente ocupar o espaço devido no mix de investimentos dos anunciantes? A resposta é fácil - agências serao remuneradas em funçao das boas idéias que produzirem.

O atual modelo de negócio das agências de publicidade depende dramaticamente da mídia de massa. Como nao creio que seja possível conter o tsunami representado pela Nova Comunicaçao das Marcas, aposto que muito em breve esse modelo precisará ser revisto. Será nessa hora, quando os mecânicos competentes se tornarao tao importantes para as marcas quanto os baroes da mídia, que precisaremos pensar a sério, o tempo todo, na resposta para esta questao - quanto vale uma boa idéia?


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1 Pitacos:

Anonymous Anônimo falou...

Se cada idéia dada por mim fosse remunerada, estaria "quase" rico....Valeu.

21/10/08 22:53  

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