" - Sabe a garota do copo d’água? - Sei. - Se parece distante talvez seja porque está pensando em alguém. - Em alguém do quadro? - Não. Um garoto com quem cruzou em algum lugar e sentiu que eram parecidos. - Em outros termos: prefere imaginar uma relação com alguém ausente a criar laços com os que estão presentes. - Ao contrário. Talvez tente arrumar a bagunça da vida dos outros. - E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr ordem?
~trecho do filme Le Fabuleux destin d’Amélie Poulain"
E eu reposto e refaço a pergunta
E o coração dele? E todo o sentimento que ela desperta, toda a compreensão que ele trabalha em sim? E toda a dor de vê-la tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe?
E os planos cancelados em cima da hora, as expectativas mínimas não correspondidas, as estranhas e radicais viradas?
Depois de dar uma enrolada básica, finalmente tomei coragem e procurei um estúdio de tatuagem bacana pra concretizar o desenho foda que o Guilherme Jotapê fez especialmente para este escriba.
Com a ajuda dos leitores daqui e do Wordsmith, o modelo escolhido foi o escorpião sem preenchimento - só o traço forte e estilizado do brother Gui.
Uma horinha depois, o bichão estava lá, subindo a panturrilha esquerda e dando força na caminhada de todo dia.
Depois de um período de certa indecisão - com o coração balançando mais que a bolsa de NY - as coisas se ajustaram o suficiente e em tempo hábil de marcar a entrada no período do meu aniversário.
Neste dia 12 de outubro entro no chamado Inferno Astral. Que promee ser um dos melhores até hoje.
O objeto do meu afeto está pertinho de mim. Tenho tido a chance, a honra e o prazer de conviver com ela - aprendendo a conhecê-la, a admirá-la cada vez mais.
E aprendendo a esperar.
E a desfrutar cada novo dia, cada conversa, cada chance de ver, ouvir, sentir, conviver.
Tem certas coisas que a gente precisa externar pra compreender melhor. Por incrível que pareça, numa conversa com minha irmã surgiu uma hipótese que é válida - embora triste para este escriba.
O fato do amor citado no post anterior ser unilateral não equivale a uma chance automática de reciprocidade. Ela mesma teve uma experiência em que o cara estava totalmente apaixonado mas ela sentia um carinho de amigo, apenas.
O tempo que estou disposto a dar (e que não se esgotou, diga-se de passagem), pode ser o suficiente para se pereber que ela não gosta e nem vai gostar da mesma maneira - apesar de todas as provas, tentativas de conquista e gestos grandiosos.
Aceitar isso não muda o que sinto... mas pode vir a diminuir o sentimento de sofrimento, mimimi e pentelhação a que vou estar exposto - e a que vou expor os cada vez menos numerosos leitores.
Como nada acontece por acaso, na sequência meu iTunes jogou no shuffle a música abaixo, do Jack Johnson.
Letrinha boa do surfista do Havaí.
Well I was sitting, waiting, wishing You believed in superstitions Then maybe you'd see the signs
The Lord knows that this world is cruel I ain't the Lord, no I'm just a fool Learning lovin' somebody don't make them love you
Must I always be waiting, waiting on you Must I always be playing, playing your fool
I sang your songs, I danced your dance I gave your friends all a chance But putting up with them Wasn't worth never having you
Maybe you've been through this before But it's my first time so please ignore The next few lines cause they're directed at you
I can't always be waiting, waiting on you I can't always be playing, playing your fool
I keep playing your part But it's not my scene Want this plot to twist I've had enough mystery Keep building it up Then shooting me down But I'm already down
Just wait a minute Just sitting, waiting Just wait a minute Just sitting, waiting
Well, if I was in your position I'd put down all my ammunition I'd wonder why'd it taken me so long
But Lord knows that I'm not you And if I was, I wouldn't be so cruel Cause waitin' on love aint so easy to do
Must I always be waiting, waiting on you Must I always be playing, playing your fool
No, I can't I always be waiting, waiting on you I can't always be playing, playing your fool
Tendo dito isto, o restante do post pode ou não ser lido pelo caro leitor, pela querida leitora. Teremos mimimi, elucubrações pseudo-antropológicas, oscambau. Afinal, este é MEU espaço pessoal.
Na vida deste escriba passaram pessoas especialíssimas. Amores, paixões, entusiasmos - em 36 anos dá pra acumular uma história grande, ainda mais tendo morado em lugares tão diversos pelo Brasil e pelo mundo. Algumas dessas paixões vieram rapidamente, em encontros fortuitos que viraram fogo. Outros foram construídos em relacionamentos mais longos, se transformando em algo a mais com o tempo.
Mas apenas duas vezes nesta vida o amor forte me pegou de jeito. Uma ainda no colégio - daqueles amores adolescentes que geram obras clássicas ou poeminhas ruins e moldam toda uma vida amorosa. Ela acabou se casando com um dos meus melhores amigos da época. É, sou loser desde novo.
O outro grande amor apareceu do nada, apresentada pelo meu chefe da época e acabou se transformando em esposa. Foram três meses entre o primeiro beijo e a entrada no apartamento comum que dividimos por muito tempo. Acabou relativamente bem - se bem pode ser a definição do fim de um relacionamento. Pessoas evoluem de maneira diferente e seguem suas vidas.
Tooooodo esse nariz de cera é pra dizer que desta vez a parada veio estrondosamente. Se no início parecia uma saída qualquer com os amigos de NoB, a coisa evoluiu deste lado para uma admiração profunda. Conhecendo-a através dos textos, referências e histórias de vida, a admiração foi crescendo para algo a mais.
Confundi algo? Me adiantei demais? talvez, mas tal é a natureza humana. O fato inescapável é que essa pessoa especial me cativou ao ponto da distração. Pela primeira vez na vida deste escriba estou completa e perdidamente apaixonado. A simples admissão pública desta condição me é difícil - e pode ser desastrosa. E se o blog é o espaço confessional por natureza, no meu próprio blog pessoal preciso fazer essa admissão.
Mas não dá mais pra segurar. A simples definição do termo "perdidamente apaixonado" não basta para descrever o que sinto. Isto é Ágape ou Eros? Uma mistura dos dois, talvez. Pensar o dia inteiro na mesma mulher, vê-la em cada esquina, lembrar dela a cada coisa interessante, vontade de compartilhar cenas, situações e conquistas...
... e respeitar o seu tempo.
Acho que essa é a maior prova de amor que posso dar. Ela é uma pessoa especial, com sua história, seu próprio tempo e toda uma adaptação a ser feita ainda. Este amor unilateral - no momento - pode vir a se transformar no relacionamento que espero. Ou não.
Mas me reconhecer assim, forte e conscientemente apaixonado, é um dos melhores sentimentos que um homem pode ter.
Trilha do post:
Hello! Is it me you're looking for? Becuase I wonder where you are And I wonder what you do Are you somewhere feeling lonely? Or is someone loving you? Tell me how to win your heart For I haven't got a clue But let me start by saying I love you
Mais uns dias se passaram e as (des)ilusões evaporam à luz do bom senso e da razão.
Dói, é sofrido, mas é necessário.
Porque a lição que fica é que não dá pra confiar nesse coração véio aqui. Deixá-lo ditar as ações do cérebro, então, é colocar um caça nas mãos tênues de um adolescente. Encantado com os flashes e brilhos, acha que sabe o que fazer com o poder de fogo mortal e sai disparando a esmo.
Normalmente dentro da base e acertando as próprias tropas.
Uma vez mais está recluso, de quarentena. Quem sabe assim aprende? (vã ilusão).
Como é tradição em cada FAIL amoroso (one-sided or not), a música deste tem todo um significado.
Rue de mes souvenirs Orquestra Imperial
Composição: Wilson da Neves Stephane San Juan
Parfums venus d'Afrique me rappellent les temps D'une douce vie passée auprès de toi Que reste-t-il de nous maintenant, mon amour ?
Soleil de ton sourire illumine mes pensées Tes yeux couleur d´ébène m´éclairent de beauté Quel bonheur de sentir que tu es dans mon cÂœur A jamais
Et le rêve dÂ’une nouvelle nuit d´amour Me hante toutes les nuits, je ne dors que le jour Aussi loin que tu sois, près de moi n´est-tu pas, mon amour?
Errant dans les rues de mes souvenirs Boulevard des meilleurs et faubourg des pires Je passe devant l´impasse de mes désirs Et voilà l´avenue de notre histoire finie
Errant dans les rues de mes souvenirs Je vais suivant le chemin de l´instinct Tout droit vers l´avenue de mon destin Mais sans toi
In the wee small hours of the morning While the whole wide world is fast asleep You lie awake and think about the girl And never ever think of counting sheep
When your lonely heart has learned its lesson Youd be hers if only she would call In the wee small hours of the morning Thats the time you miss her most of all
E isto deve continuar, devido ao ritmo de trabalho e ao fato de que escrever é um prazer a que não tenho me dedicado tanto quanto gostaria - ou deveria.
Mas, de vez em quando, algo acontece que me impele ao teclado. Hoje é um filme - como tem sido ultimamente com músicas e livros.
Um Bom Ano, produção despretensiosa de 2006 com Russel Crowe, me apareceu como um daqueles sinais que de tempos em tempos surgem à nossa frente. Cheio de simbolismos que só fazem sentido neste momento da minha vida, retrata a mudança na vida de um executivo assoberbado pelo trabalho e pela ganância, que (re)descobre os prazeres simpls da vida ao herdar um vinhedo de seu tio, na bucólica Provence.
Tirando o óbvio fato de que qualquer coisa passada no interior da França me atrai sobremaneira, a reinvenção de Max Skinner e a sua descoberta de um amor francês, simples ainda que complexo e vulcânico na sua placidez aparente, me faz pensar e desejar.
Sei que posso - e provavelmente vou - me quebrar todo nessa linha de raciocínio, mas não posso me furtar ao menos da tentativa.
Seems like the older I got, the fooler I make myself.
Miles, help me out:
and the lyrics by Chet Baker
I fall in love too easily I fall in love too fast I fall in love too terribly hard For love to ever last My heart should be well-schooled 'Cause I been fooled in the past But still I fall in love too easily I fall in love too fast
Tem músicas que marcam... e tem aquelas que se tornam parte indissolúvel de nossas vidas.
Uma composição dessas é Eu Te Amo, do Chico Buarque e Tom Jobim. Já comentei anteriormente sobre o quanto essa eclaração rasgada de amor mexe comigo. é a minha escolha para uma situação "Que música você guardaria para toda a sua vida e levaria para uma ilha deserta/abrigo atômico/último mega do IPod".
Pois ouvindo o sempre interessante boletim "Sintonia Fina", que Nelson Motta apresenta na Rádio Eldorado aqui em SP, quase bati o carro ao ouvir a voz malandra do sátiro carioca anunciar uma regravação de Eu Te Amo, com o próprio Chico cantando junto com a brasileira Cecília Leite. Detalhe: em Francês!!!!
Claro que não sosseguei enquanto não consegui o MP3 da bichinha, junto com a letra completa - e já devidamente aprendida.
Chers Madames et Messieurs, je vous presente Chico Buarque et Cecília Leite... "Dis-Moi (Comment)"
Ah, si nous ne savons plus quelle heure il est Si c'est mardi, si c'est le mois de mai Alors dis-moi comment je dois partir ?
Si pour t'approcher J'ai parcouru des routes dérobées, Les ponts derrière moi, je les ai tous coupés Où désormais pourrai-je revenir ?
Si nous, dans le ballet de nos nuits éternelles, Avons mêlé nos jambes, dis-moi quelles Seront les jambes qu'iront me conduire ?
Si c'est dans ma peau que tu prends ta chaleur, Si dans le charivari de ton coeur, Mon sang s'est égaré, trompé de veine
Si dans le désordre de ta garde-robe Voilà ma veste qui embrasse ta robe Et mes chaussures qui se posent sur les tiennes
Si on ne connaît pas le mot de la fin, Si dans mes mains je garde encore tes seins Avec quel masque puis-je m'en sortir ?
Non, tu ne peux pas rester là, l'air de rien, Je t'ai donné mes yeux, tu le sais bien, Alors dis-moi comment je dois partir.
* A fase negra parece ter passado. Trabalhando em algo que gosto, com desafios intelectuais imensos e me sentindo desafiado de novo.
* Estar ao lado de alguém que nos entende e nos apóia é muito bom. Troca de pensamentos, de sentimentos, de energia. Não a simples doação de um lado para o outro, mas troca efetiva, em que cada um recebe e doa... sem cobranças, sem querer moldar, sem querer modificar ou transformar em algo que a outra pessoa não é.
* E pra encerrar de vez a mágoa: Não dá pra entender, definitivamente. Começou bem, depois se descobriu que não iria dar certo. Tenta-se encerrar na boa. Ok, fato que somos humanos e cometemos erros ou falhas de julgamento. E que nem sempre o "tempo de espera" é cumprido, ainda mais se damos a sorte de encontrar alguém muito especial. Mas daí a virar inimigo público n.1 e a pior pessoa a pisar na face do planeta é um pouco meio muito, não?
* Galo 2 x 1 na primeira partida da semifinal do Mineiro 2007. E o jogo assistido ao lado do meu pai, que estava em Sampa a trabalho.
* Depois da vitória, uma saladinha bem acompanhado e partir para a segunda-feira cheio de energias e bons fluidos.
* E mesmo que não entendam, há certas pessoas que ficam pra sempre em nossos ensamentos e a quem desejamos o melhor.
As ruas estão vazias, o (pouco) trânsito flui. 15 minutos de casa até a agência, em um trajeto que demora, normalmente, 40min. É, estou trabalhando no meio do Carnaval. e nem tão ruim assim estou achando, sabia?
Fato: Demorou MUITO pra arrumar coragem e sair da cama. Depois de um super almo-janta de filé de pescada com molho de vegetais, couscous e salada, acompanhado de Baden-Baden Stout (beeeem boa!), resolvemos ir ao cinema.
Ver Borat.
As meninas horrorizadas, enqunto eu e o Lito passávamos mal de rir.
E depois, fim de domingo perfeito, com início de segunda ainda mais perfeito.
Daí o bom-humor em plena segunda-feira de Carnaval tornada dia útil.